o diário de uma puta sensitiva amante do design contemporaneo

Pure seduction.

Body splah, lip balm and exhilarating body wash.

De banho tomado e com o sabor do sucesso adocicando sua boca, lah descia ela.

cabelos ao vento, devidamente estruturados e franja presa com tic-tac.

Nos olhos uma mascara de cilios a prova d´agua ( waterproof em ingles) lavados em seguida de secos para garantir um aspecto "naturalmente saída da piscina".

Blush, canela, canela em pós dessas processadas de forma disforme, ela colecionava as canelas, guardadas em minusculos potes que em sua penteadeira repleta de amostras de perfumes importados faziam um elegante conjunto numa escala tonal alucinante.

Esfoliado os pés, ele chega na banca de revistas onde a moça que a atende sorrí devolvendo lhe o troco juntamente com dois caramelos.
"para por no café" como mesma dizia, todos os dias.

Aguardava o elevador e sabendo que o porteiro a acompanhava pelo circuito interno simulou uma dancinha sensual quase parando no chão, recolhendo o rebolado subiu logo abrindo a porta do elevador que estava vazio.

Como de costume, demorava algo em torno de 10 segundo para encontrar sua chave, que estava sempre no mesmo lugar mas sempre se embolava.

Entrando em casa o cheiro de amaciante barato entupia lhe as narinas, até que ela chegasse ao quarto, o refugio, o lar.

Sentou se na cama e pos se a ler sua revista.

Naquele instante, ela deixava de ser ela mesma, do primeiro instante que tocava a capa laminada brilhante ao sorrir suspirando na ultima resenha da ultima pagina, ela sabia que fazia parte de algo maior, que seu propósito era mais distante e gratificante que a vidinha opaca e cinza que vivia.

não sabia ler, lão lia mais que bulas de remédio, mas adorava cruzar mentalmente as referencias imagéticas da publicação com as atrocidades que via perambulando pela rua.

Era feliz.

E gostava de café amargo.